21 setembro 2008

churros no sofá

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Até hoje, nas minhas idas ao supermercado, ao sacolão, à padaria eu coloco no meio das compras alguma coisa que ele gostava. Na hora de pagar, eu tiro, deixo no canto do caixa, disfarçando, fingindo que mudei de idéia.
Na verdade, quem gostava daquilo que eu tinha colocado no meio das coisas era o João, não eu. Eu gostava mesmo era de comprar para ele. De chegar em casa e dizer "olha o que eu trouxe para você". Eu gostava era disso.
Ele também curtia fazer isso para mim. Chegava tarde da faculdade, mais de onze horas, tirava o capacete, dava um beijo, soltava a mochila das costas, abria o zíper e me entregava a sacola de plástico com uma bandejinha melecada por dois churros meio amassados. Um para mim e outro para ele. Essa hora, o Felipe já dormia e a gente comia sentados no sofá, cada um com o seu churro, de frente ao Jô onze e meia. A gente gostava era disso.
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imagem: Café de Nuit, de Van Gogh
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10 comentários:

Marcos disse...

Querida Ni,
O primeiro beijo, o sim na igreja para você ou o sim na mesa do bar quando o Tato e eu nos propomos ficar juntos... tudo isso é importante e marcam a gente, mas o que fica mesmo e tem importância são essas pequenas coisas do dia-a-dia que a gente muitas vezes não dá valor. Você me fez lembrar da primeira vez que apareci na casa do Tato com umas esfihas e um litro de guaraná e o Tato me falou que sempre sonhou com alguém especial chegando na casa dele com uma pizza e um litro de coca-cola e me disse: “Não era bem isso... mas tá valendo!” (sabe como é o Tato nunca tá contente com nada, mas ele é assim mesmo, né?!) Obrigado por dividir conosco essas coisas, sempre aprendo muito com você! Beijo no coração, Marcos

Anônimo disse...

chorei com esse seu comentário, Marcos...
imaginei você chegando na casa do Tato, nervoso, com as mãos suadas, frio na barriga... vi a cena toda...
obrigada por tudo
bjs
nina

. disse...

Sou leitora silenciosa, mas não resisti. Porque já tivemos mais o tempo desses mimos pequenos, silenciosos e cheinhos de significado. O cansaço nos engoliu, está nos engolindo. E então um chega pro outro sair, correndo, sempre correndo.
O post me deixou emocionada, chorei à beça.
Beijão pra você e pro Felipe.

Anônimo disse...

ah, querida,
esse pequenos rituais deixam a gente acostumada...um beijo.

Luci disse...

Nina.
parece que saímos em procissão - eu, vc. e Fal. vivemos as mesmas coisas em cidades diferentes, mas exatamente as mesmas coisas.
na saida do varejão a scala fm me nocateou com steve wonder - a música q fazia sucesso qdo eu marido-Mauro começamos um amor eterno.
escrevi um texto sobre as coisas miúdas mas não consegui terminar - não enxergava o teclado nem a tela...
hoje tem 5 meses 100ele... e tomando café sózinha, logo cedo, pensei q logo serão 5 anos e que eu vou sentir a mesma coisa q sinto agora. uma saudade doída. gigante.
bj procê e pro Fê

nina disse...

Deh,
esse blog pé-de-boi fica muito orgulho de ter leitores silenciosos - e que se manisfestam quando tem vontade.
Esteja por aqui sempre!
beijo
nina

nina disse...

oi Mani!... queria encaixar na minha agenda uma ida ao café das estrelas... vc vai sempre??
bj
nina

nina disse...

Luci... não sei se é dor, se é melancolia, se é saudade, ou se é tudo isso junto.... só sei que vem lá do fundo, mora lá no fundo e de vez em quando, dá as caras assustadoramente... dá vontade de entregar os pontos...

aguentaremos, certo?
beijo grande
nina

Luci disse...

sim, camarada Nina! aguentaremos.
bj

Anônimo disse...

amén Luci!