12 setembro 2008

laying

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(...) A meio da noite peço-te que me deixes ficar contigo um mês – "só um mês, prometo. Posso?" Não me respondes, claro. A não ser que os beijos sejam uma resposta, e eu preciso de acreditar que sim. Preciso dessa vida verdaderia que escondi debaixo da tua pele, antes que o cabelo me caia, antes que comecem os enjôos e as dores, antes que o meu corpo seja tomado pelo cheiro miserável da doença. Talvez para morrer eu precise do amor e da família. Mas para acabar de viver, só preciso de ti, desta febre azul a que os outros chamam só sexo.
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Trecho arrasador do conto Só Sexo de Inês Pedrosa.
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imagem: Laying, de Egon Schiele
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