30 maio 2008

peixes e ben10 - parte 1

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É um cruzeiro-do-sul o novo morador de casa. Um vitorioso. Eu tinha dúvidas se esse peixe iria sobreviver depois que saiu da Cobasi. Demorou horas para a gente escolher dentre tantos outros. O primeiro que a gente escolheu, tentou suicídio. Pulou para fora d’água, preferiu a morte seca do que vir para nossa casa. Daí, pegaram o Max. Foi assim que o Felipe batizou esse simpático e corajoso cruzeiro-do-sul, numa singela homenagem ao vovô do Ben10. Para quem não conhece o Ben10, saibam que é o herói do meu filho. Se o Fê pudesse escolher ser alguém neste mundo, ele seria o Ben10, junto com o Homem Aranha.
O Max, nosso recém-peixe, é sem sombra de dúvida, quase um tubarão pela força e braveza. Da saída da loja até o carro, o Fê foi passando o saquinho do peixe e um picolé de uma mão para outra. Pintou o saco de rosa, porque o picolé era de chambinho. Abri a porta de trás, o Fê sentou no banco e deixou o booster desocupado, afinal, ‘o Max é pequeno e pode se machucar, né mãe?’ Será que ele quer que eu passe o cinto de segurança no saco com peixe?
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Pois bem, na primeira curva a menos de 5 km/h, o Max rolou booster abaixo.
- Olha só o que você fez mãe! Esqueceu de colocar o cinto no Max! Vai mais devagar! Cuidado, mãe! Cadê ele?
O Fê se enfiou debaixo do banco para resgatar o peixe rolante.
- Tá tudo bem, filho? O saquinho não rasgou, né?
O Fê nem me deu ouvidos.
- Vem cá peixinho, eu vou deixar você aqui do meu lado.
- Tá tudo bem, Fê? – tentei de novo.
Sem resposta, olhei pelo retrovisor e não vi nada. Encostei o carro, virei para trás e achei a criatura Fê deitada no banco.
- Fê? E o peixe?
- Tá aqui mãe... tô segurando ele... tá nadando.
O Fê segurou o peixe com a cabeça. Usou o saquinho como travesseiro.
O Max, pensei, está nadando ou se estrebuchando?
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Da Cobasi até a nossa casa, é uma reta só. Mas a novidade do peixe tinha que ser mostrada para a tia. A reta então, agora era um desvio até o apartamento da minha irmã. O moço da loja disse que os peixes agüentam até 3 horas quando transportados naqueles saquinhos. Ele só não disse em quais circunstâncias.
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- Olha tia! Olha o meu peixe novo! É o Max. Vai ficar junto com o Kevin no banheiro.
Kevin é o inimigo do Ben10 e o nome de um outro peixe do Felipe. É um beta (aquela espécie solitária e briguenta, feito uns seres humanos), então o ‘ficar junto’ era só força de expressão.
O Fê gosta de dar nome aos peixes. Tem o Diego e a Dora, em homenagem ao Diego e a Dora. Tem o Luís, que não faço a mínima idéia do porquê da escolha do nome. Tem os Comedores-de-cocô, digo, Comedor-de-cocô-1, Comedor-de-cocô-2, Comedor-de-cocô-3 e assim vai. Engraçado é que nunca ele escolhe o nome de um herói. Deve ser porque se o peixe for o herói, quem o Felipe vai ser? Faz sentido, não?
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- Tia, liga a televisão! Vai começar o Ben10!
O anúncio foi dado e lá estava o meu filho na frente da tv, recebendo o espírito do Ben10. Bonito como as crianças incorporam os personagens. Não é representação cênica, é vivência e desejo aflorado mesmo. Em meio a poderes e cambalhotas tortas, o Felipe entrou na estória, desafiou os inimigos, foi quase derrotado, recuperou as energias e saiu distribuindo as glórias. Com coreografia, sonoplastia e tudo mais. E o Max? O vovô Max foi salvo pelo Fê-Ben10. O peixe Max ficou esquecido no sofá da casa da tia.
Eu fazia a contagem regressiva das 3 horas desde que aquele cruzeiro-do-sul tinha saído das águas da Cobasi. Quantos flash-backs da vida dele será que ele viu passar? Esse peixe devia se chamar peixe-gato ao cubo, com 343 vidas. Haja pecado para ser pago. Na outra encarnação, deve ter sido o peixe-bin-laden.
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Considerando que as condições normais de temperatura e pressão estavam a milhas do padrão, eu finalmente resolvi não esperar o episódio do Ben10 acabar. Levei o pequeno Max-socado-catatônico-sem-oxigênio para casa. O Fê ficou no apê da tia. Fiz todo o ritual de soltar um peixe novo no aquário velho e deu dó. Ele afundou, rodopiou, afundou. Parecia que estava se afogando. Ele mal tinha forças. Fez o mesmo movimento que a Terra faz quando gira em torno do seu próprio eixo (ele transladou??). Eu juro que pensei em voltar para a Cobasi e comprar outro por garantia, porque dificilmente o Max passaria daquela noite.
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Estranho é que todos os peixes que o Fê deu um nome estão vivos até hoje. Os anônimos morreram, sem exceção. Acho que quando o Felipe batiza os peixes, ele o faz com pureza, porque aquilo é a verdade para ele e para quem ele oferece um nome. É uma forma de benção, de doar um poder especial, coisa que só os heróis conseguem fazer. Talvez seja isso que faça o Max passear tranqüilamente pelo nosso aquário até hoje.
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Seja como for, eu admiro o Max. Junto com o Fê, ele é um herói.
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ps: nenhum peixe da foto é o Max. E também não é o Kevin, nem a Dora, o Diego, o Luís ou um Comedor-de-cocô. São peixes sem nome, portanto, já morreram.
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peixes e ben10 - parte 2

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Eu sempre me preocupei em oferecer música de qualidade para o Felipe. Quero que ele saiba distinguir uma boa música. Acho que isso faz bem.
Quando eu conheci o João, ganhei tios novos. Deles, eu ganhei o cd da Amy Winehouse. E de quebra, eu vi que o meu esforço não está sendo em vão.
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Eu começo cantarolando:
- They tried to make me go to rehab / But I said....
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E o Felipe continua:
- ...'no, no, no'
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(eu) Yes, I've been black, but when I come back / You'll...
(Fê) Know-know-know
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(eu) I ain't got the time / And if my daddy thinks I'm fine / He's tried to make me go to rehab / But I won't ...
(Fê) go-go-go
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- Uau Fê! Você conhece essa música?
- Essa música é legal mãe!
- É filho, eu também acho! Essa música é bem 10!
- Não é do Ben10 não mãe. Mas é irada.
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Tá, ainda bem que ele não entende a letra. Mas não é o máximo ele gostar da Winehouse??
Filho de peixe, peixinho é.
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28 maio 2008

degradè - um ano e nove meses

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aqui você fez 38 anos
eu ia ao cemitério, mas não fui
eu ia acender um wish, mas não acendi
eu ia cumprir promessas, mas adiei de novo
eu ia levar o Guidonski para o banho, mas não tinha horário
eu ia queimar um incenso, mas fiquei espirrando
eu ia preparar o jantar, mas escolhi um delivery
eu ia ligar para alguém, mas o final do dia chegou antes
eu ia fazer uma prece, mas isso eu já faço todos os dias
eu ia escutar Eddie Vedder, mas tocou Winehouse
eu ia responder um e-mail, mas deu preguiça
eu ia ver o saldo no banco, mas desisti
eu ia cobrir o Fê na cama, mas antes cuidei do joelho ralado
eu ia conferir a agenda de amanhã, mas liguei a tv
eu ia ler Beckett, mas folheei uma revista
eu ia deixar de pensar em você, mas não consegui
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no dia que você fez 38 anos
não deixei de pensar em você e achei isso natural
foi um dia como outro
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coloquei uma orquídea na janela mais iluminada da casa
nessa época de outono, quando o sol é quase inverno
venha ver, é para ti

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20 maio 2008

nove meses


28 de maio de 2007 – segunda feira. O dia que a gente ia comemorar os seus 37 anos, com café na cama, preguiça para acordar e interrupções do nosso pequeno Felipe. À noite, teríamos bolo e barulho. Hoje o dia começou igual pois levei o Felipe para a escola. Continuou diferente porque achei difícil deixá-lo na escola. Para ele também tem algum incômodo. Hoje foi diferente porque em seguida fui para o cemitério. Levar flores, levar lágrimas, saudades, dor no peito, dificuldade de respirar. Priga, queria segurar sua mão de novo, para eu conseguir segurar essa vontade de querer que você volte. Segurar essa tristeza tão amarga que nem meu pai conseguiu segurar. Eu não vi, mas ele chorou no domingo. No sábado, foi o Felipe que chorou de saudades. De tristeza. De dor na alma.
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Hoje eu pedi para a minha irmã dormir em nossa casa. Está muito vazia. O silêncio é alto demais e dá para escutar meu fôlego soluçando. Sinto sua falta e desmarquei uma reunião de trabalho em plena segunda-feira. Eu, tão caxias, tão responsável, tão competente. Fachada de fortaleza que hoje foi implodida. Hoje eu não consegui olhar para o sol por causa das lágrimas. Hoje não reguei as flores em casa. Hoje eu queria levar flores no cemitério. Faz nove meses que eu não vou lá. O tempo de uma gestação. Fui sozinha para não ter pressa em ir embora. Talvez seja só hoje.
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Estacionei o carro longe para poder andar. Comprei crisântemos brancos e vinho. No caminho, a alça da bolsa escorregou e quis acreditar que era você. O celular que estava no bolso da calça desligou e ligou sozinho. Alterou o relógio. De novo, quis acreditar que era você. Sentei na mureta branca. As formigas subiram no meu tênis, mas eu pensava “foda-se”. Senti picadas nas costas. Fiquei sob o sol, procurando um papel para deixar um bilhete. Uma mulher passou, parecia chorar também. “Priga, saudades de ti, meu anjo. Amor, sua Nina”. Na lateral escrevi, “I’m going back to the stars”. Um funcionário de uniforme azul passou e guardou a vassoura dentro de um túmulo. Bizarro. A calça dele estava rasgada no joelho direito. Era um corte horizontal. Coloquei o bilhete no meio das folhas. De longe, não dá para ver. Meus olhos estão ressecados e ardem porque hoje não consigo parar de chorar. Meus olhos estão úmidos e desfocados porque hoje não consigo parar de chorar. Hoje, não consigo parar de chorar.
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Preciso voltar para casa. Esqueci de trazer o livreto que foi distribuído na festa do Felipe. Atravessei um velório onde as pessoas não choravam. Elas vão chorar daqui a nove meses. Na realidade, não esqueci, fiquei na dúvida se realmente deveria ter trazido o livreto. Em casa, havia 3 recados na secretária. Dois anônimos e um da minha cunhada Patrícia. Ela queria saber como eu estava. Hoje eu estou um bagaço. Peguei um livreto com o conto da Clarice (Lispector), coloquei em um plástico menor e fechei com adesivos redondos. Três Pimacos redondos e transparentes. Ficou a marca das minhas digitais. Não faz mal. Voltei para o cemitério. Desta vez deixei o carro bem próximo do portão. O bêbado me disse bom-dia. De óculos escuros, nariz avermelhado, espalhando lágrimas pelo rosto, era evidente que eu chorava. O bêbado repetiu o bom-dia. Sua voz rouca parecia uma estação de rádio AM. Bom-dia era a vinheta gravada e reproduzida ene vezes. Desculpe, hoje eu não consigo responder.
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Alguém esteve lá neste intervalo. Deixou crisântemos brancos e uma rosa vermelha. Queria ter encontrado com essa pessoa. Precisava saber, assim como eu, quem havia deixado flores. Alguém que achou meu bilhete, leu e devolveu no meio das folhas. Entre folhas diferentes das que eu havia deixado – três ou quatro ramalhetes para baixo. Quis acreditar que era você, mesmo sabendo que não seria. Coloquei o livreto na ‘capelinha’ para proteger de um dia de chuva. “Imagino que você já tenha lido, um dia alguém irá jogar no lixo, mas este é seu. Eu precisava trazer”. Para você saber que eu estive lá. Para que todos soubessem que eu estive lá no dia do seu aniversário.
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Na saída, o bêbado se aproximou. Xingava um rapaz e dizia o bom-dia radiofônico para mim. Pedia dinheiro. Desculpe, hoje não consigo parar de chorar. Será que não enxerga isso? Sim, tanto vê que não me xingou. Fez sinal para que eu manobrasse o carro e disse novamente bom-dia. Voltei para casa. Voltei para regar as flores. Para que elas continuem vivas.

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priga, na idade do fê
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postagem dedicada à Fal e Luci
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o mico do mundo moderno

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Essa semana eu renovei o seguro do carro. O valor aumentou 145 pilas porque agora eu sou vi-ú-va! Pode uma coisa dessas? Sabia que as casadas andam mais no banco do passageiro – e quando ficam viúvas, andam mais no do motorista?? Não é fantástico?? Eu me chamo estatística!!! Deu vontade de falar que era lésbica... e que eu era o macho da relação...
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A minha rua é ridiculamente mini-minúscula. Se estacionar a van do delivery do pão-diniz-de-açúcar, sobra um resto de rua que só passa moto. Um dia a prefeitura mudou o nome da rua, porque não tem motivo não mudar o nome de uma rua ridiculamente mini-minúscula. A gente fez um punhado de umas 20 e tantas assinaturas e pediu para des-mudar o nome. Acabou que no começo da rua ela tem um nome e no final da rua, outro. Legal né? Legal é que não chega pizza nenhuma, quando chega tá borrachenta; não chega conta para pagar, quando chega já venceu – aí você paga com multa porque é mais fácil do que explicar toda a ladainha de mudança de nome de rua. A campainha fica rouca de tanto tocar: “você sabe onde fica a rua caracoles?” É aqui mesmo cacete... e bobobó.
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Esse negócio do seguro do carro me tira do sério. O pior é o corretor querendo me vender um seguro de vida-mulher.
- Dona Nina, no caso do seu afastamento por doença, acidente ou mesmo falecimento, seu filho tem direito ao resgate imediato do valor total sem carência e blábláblá.
- Nossa, jura?!?! era tudo o que eu queria! Aí finalmente ele vai conseguir comprar o playstation2 que ele me pede toda hora... e vai ser com o dinheirinho dele!!! que orgulho da mamãe!!!! Um moleque de 5 anos emancipado!!! Como o mundo está evoluído, não? Manda pro meu e-mail que eu assino já!
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19 maio 2008

sabedoria mor

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- mãe, hoje teve cinema na escola.
- é mesmo Fê? que filme passou?
- o bunda de notre bani.
- como?
- o bunda de notre bambi.
- ãah... e você gostou?
- não sei mãe... o monstro não era maldável... as pessoas é que eram maldáveis - mas aí, o monstro ficou bonzinho.
- ficou bonzinho porque os outros maltratavam ele?
- não mãe... primeiro você é maldável e depois fica bonzinho.... mas se quiser, pode ser maldável de novo.
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Id, ego e superego na ótica do Fê. Sabedoria mor.
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fôlego

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Ontem eu respirei. Respirei, respirei, respirei. Muito. Até cansar, até querer parar de respirar, até explodir, até a unha descolar porque tinha muito oxigênio dentro de mim. E vibrava e delírio e dedos rígidos e tristeza e vibrava e moleza e suor e olho fechado e rinite e boca seca e incha e esvazia e explodiu no peito e sonho e diarréia e queria de novo e tremia e tosse e chorava e ria e raiva e vibrava e tambor e magipac e nada se controlava.
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Não foi fácil. Sempre escutei o contrário. Não foi fácil. Fiz força, usei todos os músculos, fiz força, empurrei, prenderam meu cabelo, não dá para chutar, fiz força, retomei o fôlego, fiz força, usei o cotovelo, fiz força, oxigênio, peso, calor, fiz força, me solta, me solta, fiz força, eu sei, eu sei, fiz força, sai, sai, fiz força, força, força. Não foi fácil.
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Ontem eu respirei. Respirei, respirei, respirei. Muito.
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diálogo no balanço

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outono, dia de sol, parque Villa Lobos, balanço no playground

- mãe, eu não posso ver Réri-póter de noite né?
- é melhor não né Fê, senão você sonha mal.
- lembra que eu sonhei com a cobra da Pedra Filosofalsa?
- é... aquela cobra filosofalsa.
- e como é mesmo o nome do herói?
- que herói? o Harry Potter?
- não mãe... aquele carinha - é Herói, o negócio.
- Herói, o negócio?
- é aquele que solta a fumaça no réri-póter.
- fumaça? como um dragão?
- ele joga a fumaça que sai da varinha - que nem você joga insectível no mosquito da dengue.
- insectível?
- é mãe!... você não sabe?
- saber o que? a fumaça ou o insectível?
- mãe!... você não lembra?
- ai Fê... é que eu...
- por que você sempre fala que eu não se lembro das coisas? E desliga aqui mãe - eu quero descer. Desliga logo o balanço que agora eu vou no escorregador. Desliga mãe!

balanço do diálogo: será que é ele que processa tudo muito rápido ou sou eu que ando meio lerda??




Harry Potter and the Sorcerer Stone
http://movies.warnerbros.com/harrypotter
Warner Bros / J.K. Rowling

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15 maio 2008

o avesso do avesso

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podia ser melhor

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5 sabores que poderiam ser melhorados
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1. o yakissoba blargh congelado da sadia
2. a esfiha de queijo carésima do habib's
3. um canudinho tenebroso com umas melecas dentro que coloca no leite para dar ânsia
4. qualquer lanche quente que se coma frio
5. qualquer lanche frio que se coma quente

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a casa dos meus pais

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É um quadro enxaquecoso – disse a médica.
A minha dor de cabeça resumida nessa palavra sonora e cômica. En-xa-cue-cuoso. Não se leva a sério uma dor com esse nome. Eu queria um diagnóstico agudo, pontiagudo, que descrevesse turbinas inflando a cabeça, que justificasse não ter vergonha de vomitar no táxi a caminho do hospital. Uma coisa mais sólida, mais trágica, mais nobre, que me fizesse passar a noite na casa dos meus pais.
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Faz anos que aquela casa não é mais minha – é a casa dos meus pais, de onde a gente sai porque a vida segue. Um lugar de onde a gente sai deixando armários longe de estarem vazios, uma série de livros lidos e todas as roupas de inverno. Um dia a gente passa por lá para pegar alguns casacos porque o inverno chegou. Outro dia, porque mais cedo ou mais tarde, tem jantar na mesa. É a casa que recebe os netos quando os pais estão ocupados ou mesmo desocupados. É a casa que guarda os brinquedos que passaram da idade, mas que ficam lá, porque sempre tem alguém que resguarda as lembranças. É a casa que você conviveu com seus avós, quando eles já estavam na idade de serem avós. É o endereço onde chegam suas correspondências sem importância. Melhor chegar lá, do que chegar em lugar algum. É onde seus amigos supõe que você esteja quando não está em casa. É a casa que você melhor conhece, até mais do que o seu próprio lar-doce-lar. É a casa que você quer opinar na época da reforma. É a casa que você faz planos mesmo não sendo sua. É onde você acha que tem direito de parar na vaga bem em frente, porque afinal, a casa é dos seus pais.
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É a casa que você pendurou fotos, posters e quadros, escondeu coisas secretas, pulou muros para entrar pelo quintal. É o lugar que muitas vezes te fez reclamar do barulho tão cedo de manhà e sob as cobertas, via a luz sendo acesa para avisar que a hora já se passava. É a casa que tem batentes ocos e fechaduras emperradas porque quarto de criança não se tranca, apenas se encosta a porta. É onde, mesmo sem dizer, a gente sabe que quarto dos pais só pode entrar se a empregada estiver limpando, ou quando filhos sonham mal.
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Foi nesse quarto que a mãe cedeu a cama para que a filha - tão cansada da vida e tão ansiosa pelo futuro imaginado – fosse acolhida naquela noite. E a filha se deitou sem se queixar do dia que estava terminando, com os olhos semi-cerrados para que não se revelasse uma dor de cabeça já distante. Para que ela pudesse ficar deitada reconhecendo o cheiro das pesadas cobertas daquela cama. Para que ela dormisse ao som das tigelas de porcelana sendo empilhadas nos armários de 2 portas. Para que ela lembrasse de todos os sons da cozinha após o jantar. E que assim, momentos mais tarde, a mãe pudesse entrar no quarto em silêncio para cobrir a filha que dormira feito criança.
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09 maio 2008

podia ser melhor

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5 fatos de nina que poderiam ser melhor*

1. a capacidade em associar a feição da pessoa com o nome dela mesma

2. a inspiração que vai, vem, some e não volta mais

3. o empenho no combate às formigas na cozinha

4. a barriga (digo menor, não melhor)

5. o saldo bancário (digo maior, não melhor)

* axé para Alta Fidelidade de Nick Hornby

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ele resolveu! ele resolveu!

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Todo mundo devia ter um amigo chamado Rá-fa. -fa. É quase uma expressão: -fa do céu!, ou -fas que o parta, melhor ainda, -fa maria-mãe-de-deus. Eu tenho um amigo chamado RÁ-fa. E o RÁ-fa também tem blog. Era secreto, escondido e anonimous e aí, depois que pedi publicamente para ele largar mão de tolices, ele resolveu que vai continuar secreto, escondido e anonimous - só que me deu a permissão de colocar o link aqui.... hehehe....
Fiz mal de dedar que o seu nome é Rá-fa? Acho que ninguém vai perceber isso, né Zé-renatô?
Rafa, digo, Zé-renatô, a gente se vê de vez em nunca, mas eu gosto de vc de um jeito especial prá caramba. Sucesso na arquitetura, nas palavras e na estrada.
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ps: vc tá no projeto de Itacaré - aquele dos bungalows?
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série din-don

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em semana de homem de ferro, olha só quem veio nos visitar:

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- MEGAMAN!!!!
- quem?
- MEGAMAN!!!!
- nossa! ele atirou no próprio pé!
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08 maio 2008

... e lá no LV da Fal

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(...) Nunca seja breve escrevendo aqui, a gente te adora dum tanto que nem dá pra explicar.Eu sou da turma do café da manhã. Vc é da turma dos embalos notúrnicos?

Fal, em resposta ao meu post

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Eu também escutei um papo de que as coisas ficariam mais amenas depois de ½ ano. No primeiro minuto depois desse ½ ano, vc abriu a janela do seu quarto e foi banhada por um lindo arco-íris. Não aconteceu isso com vc? Acho que te enganaram. Eu chorei muito, mas muito mesmo! por um ano e mais. Pouca gente sabe disso, porque chorar de verdade, de doer até o cabelo, eu só conseguia quando estava sozinha. Chorava tanto que tomava soro caseiro para não desidratar. Todas as primeiras datas são uma merda. O natal é um cocô, reveillon não devia nem existir, o meu aniversário foi péssimo e o do João que não aconteceu, então nem se fala. Só salvou o niver do Felipe, era meio uma compensação, tinha que abstrair algo. Consegui pisar no cemitério depois de 9 meses, no dia que ele teria feito 37 anos. Depois disso, só voltei lá pra cumprir protocolo de finados. Quem te dá prazo para parar de chorar não tem fé nem compaixão. Tem uma imagem mto bonita que a minha psicóloga usa para descrever essa dor que só dói, que só paralisa, que não cria nada, que apaga toda e qualquer luz frágil e trêmula no fim do túnel. Ela diz que a dor é como um sabonete - vai se gastando. Só de deixar na água, já vai diminuindo lentamente até dissolver tudo... Mas se a gente souber usar esse sabonete, a espuma leva embora a dor pelo ralo e só fica o perfume das lembranças. Achei isso lindo. Quando toco a dor, tento tocar com vigor. Não quero colecionar sabonetes. A única coisa que ela não disse era que o sabonete é em barra, sabe, daquelas grandooooonas...

Dá para ver como hoje eu choro bem menos? Consigo até fazer uma piada ou outra daquilo que me fez chorar muito. Mas veja bem: só eu posso fazer piada disso. Só eu posso rir de mim, porque só eu sei o que é essa dor. Ninguém nunca tente ousar rir de uma piada que só eu posso fazer. Porque ninguém no mundo tem a mínima idéia do que é ver a pessoa que você mais ama morrendo em seus braços e você subestimando a realidade e achando que a sua vida vai mudar só um pouquinho de um dia para o outro. Porque ninguém no mundo tem um pensamento guardado no íntimo do íntimo da consciência que te faz perguntar se você agiu certo, onde foi que falhou, onde foi que deixou de ser perfeita para conseguir responder uma simples pergunta do filho “se eu não tenho pai, o vovô pode ser o meu pai?”. Porque ninguém sabe como é querer ter uma segunda chance daquilo que foi. E se conseguir voltar feito déjà-vu, mesmo em sonho, lá no fundo você sabe como a história acaba. Ou uma segunda chance daquilo que ainda virá e que se transforma num temor comedido porque você tem medo de que aconteça de novo e não quer passar por aquela dor que não dá para ser sentida duas vezes na vida. Fal, eu choro bem menos, é verdade, mas talvez ainda seja com a mesma intensidade.
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Não disse? Eu começo a escrever e quando vejo, tem páginas e páginas de blábláblá. E sobre os posts notúrnicos, agora que eu choro menos, sobra mais tempo para ter insônia. É uma bosta ter insônia. Por outro lado, é a única hora que filho, cão, peixes e obra no terreno do lado estão dormindo. Aí fica eu e mais eu conversando. De qualquer forma, é uma bosta ter insônia.
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nina em post no
LV do Drops da Fal
Fal querida, foi você que deixou eu descambar...

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podia ser melhor

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5 idéias de arquitetura que poderiam ser melhor*

1. a arquitetura contemporânea paulista

2. a arquitetura dos morros cariocas

3. a arquitetura de palmas/tocantins

4. a arquitetura dos centros comerciais, vulgo schópins

5. a cabeça vulnerável dos arquitetos que têm placas de vende-se ao invés de aluga-se (eu aqui estou, inclusive)

* axé para Alta Fidelidade de Nick Hornby

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3 vezes dogville e bergman

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Pela terceira vez eu aluguei Dogville. E pela terceira vez eu devolvi sem assitir. Caraca.
Eu assisti outros 3 filmes que aluguei junto e deixei o Dogville por último justamente para não dar tempo. O que será que tem no filme que eu não posso ver? Alguém sabe?
Nesse pacote de locação tinha Vênus (com Peter O'Tolle) e Gritos e Sussurros do Bergman. Tem gente que vive antes de morrer. Tem gente que vive morrendo. Tem gente que morre de vontade de viver. Tem gente que se mata. Tem gente que ressucita. Tem gente que sobrevive. Tem gente que nem nasce. Tem gente que só começa a viver quando percebe que vai morrer. Tem gente que vive em coma. Tem gente viva que parece morta. Tem morto que abre o olho. Tem gente que só vive depois da morte. Tem morte que pede carona. E tem gente que quando morre, fica duro duro feito pedra, mortinho mortinho da silva.
O 'Gritos' do Bergman eu já tinha visto. O Dogville ainda não - mas eu coloquei o Bergman antes no DVD. Nos extras do 'Gritos' tinha uma nota dizendo que uma das 3 irmãs, a Agnes, também atuou no Dogville. O Bergman é de 72, o Dogville é de 2003. Mais de 30 anos, isto é, mais de 10.950 dias corridos. Só isso já seria o suficiente para eu querer ver o Dogville. Seria, porque não foi.
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(... e tinha um outro filme também nesse pacote.... 'A Lenda de Beowulf'... É, esse mesmo.)
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07 maio 2008

podia ser melhor

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5 objetos para estudar o design*

1. guarda-chuva
2. palito de dente (limpo e usado)
3. tábua de passar ferro
4. sofá shell da marabras
5. cavalete de pintura

*axé para Alta Fidelidade de Nick Hornby

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mais lá do que cá

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assunto 1: Eu não tenho gatos - eu tenho cão. Muito simpático por sinal. Tão simpático que tem gente que atravessa a rua achando que ele é o godzila. O nome dele é Guido, baba que é uma beleza, bastante destrambelhado, mas é a paciência em quatro patas. O Felipe aprendeu a andar puxando o rabo dele que ficava parado feito estátua do Borba Gato - só que ele é um cão, como vc já sabe. Outro dia, peguei o serzinho de 2 patas abrindo o esguicho na fuça do de 4 patas. De tão educado, ele sorriu para o Fê e ainda agradeceu por tirar o tártaro.
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nina em post no LV do Drops da Fal
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assunto 2: eu também vivia chorando no carro. Já faz uns meses que não faço isso (sim Fal, isso passa). Ao invés de parar na calçada, eu chorava no trânsito mesmo, no farol vermelho, na faixa da esquerda da marginal, na rua esburacada - não dava para controlar, ainda mais quando tocava na rádio uma música fatídica que te traz uma porrada de lembranças. Um dia eu tava passando por uma lombada e um carrão todo filmado emparelhou na contramão, abaixou o vidro escurão e falou com voz de sabedoria: "dirigir chorando assim não é bom - você tira a atenção dos outros motoristas, pode causar um acidente, alguém ficar machucado e aí vai ter muito mais gente chorando...." Pô, eu chorava, mas não ficava empacando o trânsito. Dá para chorar, dirigir e mascar chiclete. I swear que dá. Eu podia ter é machucado a cara da dona com as toneladas de ranho que saíam das narinas.
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de novo nina em post no LV do Drops da Fal
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assunto 3: não consigo ser breve quando escrevo aqui.... sei lá, às vezes acho que quando outras pessoas lêem as nossas agruras, elas ficam um pouco menores (as agruras, não as pessoas - senão seríamos uma legião de anões). sei lá
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de novo novamente nina em post no LV do Drops da Fal
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Eu escrevo muito mais lá do que aqui.
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05 maio 2008

série din-don: ensaio geral


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diálogos

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diálogo 1
felipe e amigo no carro, à caminho do aniversário de um terceiro amigo

– Eu já sei que existe o mosquito da dengue.
– É, eu também já sabia. Ele pica, mas se passar repelente, não pica. Na escola tem repelente.
– E tem o mosquito do sono também, não é tia?

(a 'tia' sou eu, que sigo apenas como ouvinte-motorista)
– Mas o mosquito do sono fica no outro planeta. Aqui é o outro planeta?
– Ele pica assim ó, aqui ó – e aí você dorme para sempre – que nem ele picou aquela menina.
– Que menina?
(ressabiada, entro na conversa)
– Aquela menina que foi fofocada.
– Fofocada? E o que é ser fofocada?
– É quando a gente ri muito e não consegue respirar direito.


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diálogo 2
dois personagens em meio a preparativos

– Santíssima criatura! O que você fez com a sua pele? Pelo menos podia ter tomado um solzinho antes de chegar aqui, né?
– Essa vida é tão corrida que não dá tempo de se preparar para nada. Essa é a verdade.
– Menina, menina. Vamos ver o que eu posso fazer com você. Olha essa luz aqui batendo no seu rostinho. Deixa você tão branquinha, tão pálida. Sei..., ainda bem que todo mundo só vai te ver à noite.
– E a roupa, onde colocaram a roupa?
– O pior é que todo mundo vai querer te ver de perto. Querida, fica tranqüila que eu vou caprichar, tá? Você vai ficar linda, um arraso! Haroldo, me ajuda aqui!
– Você viu onde deixaram as roupas?
– Haroldo, será que dá pra me ajudar aqui? A roupa é por último! Ai moça, que cabelo ensebado é esse? Nem lavou o cabelo?
– Ela chegou de cabelo preso.
– Vamos ver.... Será que tem algum chapéu aqui? Ai, ai, ai.... ela só vai aparecer à noite.... e chapéu é coisa para usar de dia....
– Coloca as flores, uai.
– Uma coroa de flores? Na cabeça? E por acaso você sabe que tipo de flor que vai ter na igreja? Hein Haroldo? Tá louco? Imagina se a gente coloca rosas e o resto das flores é tudo do campo? Vai ficar horrível! Vão vir reclamar, tenho certeza! A mãe e o marido. Não, o marido não, porque homem não repara nessas coisas.... Mas a mãe, viche, aparece cada uma!
– Só algumas florzinhas eu disse.
– Lembra daquela louca que esperou todo mundo ir embora pra vir aqui pedir o dinheiro de volta? Megera. Ela ia sustar o cheque só porque eu usei sombra azul e não verde.... A moça não falou nada, achei que podia escolher a cor. E o pior é que eu fiz mágica, porque aquela mulher estava horrível. E a moça mesmo, nem voltou pra reclamar.
– É só puxar o cabelo para trás.... assim...
– Pense meu rapaz, pense Haroldo, porque a gente não tem todo o tempo do mundo.
– Vai por o véu por cima, não vai?
– Anda Haroldo, pega lá o estojo de maquiagem! Tem que ser aquele rímel que não borra com lágrima, viu? Daqui a pouco vão chegar pra buscar a moça e a gente nem passou o pó de arroz! E presta atenção: a próxima que chegar, você é que vai fazer tudinho, entendeu? Só vou ficar olhando.
– Sei... até parece. Você não agüenta. Não deixa fazer nada! Parece até que gosta de ficar vendo gente pelada...
– Tá falando que eu sou tarado, é? Tá me chamando de assanhado, é? Olha querido, eu estou fazendo o sacrifício de ensinar tudo, tudo, tudo o que eu sei. É o meu talento, então cala essa sua boca e olho aberto! Não moça.... só o Haroldo fica de olho aberto. Você, minha querida, nada de abrir os olhos. E nem precisa fazer biquinho pra passar batom, tá. Na boca é só uma pinceladinha de cor-de-boca. Fica um charme.
– E o blush?
– Cadê Haroldo? Cadê as roupas? Tem que vestir antes senão estraga a maquiagem! Já te falei quantas vezes? Ai moça, não repara tá.... Eu fico aqui sozinho o dia inteiro com o Haroldo e tem dia que não dá! Eu pago todos os pecados! E ainda tenho que pensar em tudo! Tudo eu, tudo eu!
– Você vai querer ver as roupas antes de colocar?
– Claro, né meu anjo. Nem parece que a gente faz isso todo santo dia! Olha só, essa blusa é daquela marca chique que vende na Daslu! Vai, esconde no banheiro e pega aquela parecida pra colocar.... E essa saia, ai que pobreza.... nem tem etiqueta.....pode colocar essa mesmo. Anda Haroldo!
– E os sapatos, vai querer? É número 38.
– Tem outro 38 aí? De que cor é? Preto? Nossa Haroldo, pega sim, tá novinho. Lá no armário tem um 35. Corta o calcanhar e só encaixa por cima dos dedos, assim ó, e cobre com as flores. Dá uma disfarçada... Rápido, que acho que eles já tão vindo buscar a moça.
– É o pessoal sim – olha o carrão que vai levar o caixão da dona!
– Acorda pra vida Haroldo! Dá uma enrolada neles, só falta encher de flores e colocar o véu por cima!
– Mas e o blush?
– Que blush que nada! Vai sem blush mesmo! Ela tá até meio coradinha! Até o velório começar, já vai ter anoitecido. E quer saber, ninguém repara no morto mesmo. Todo mundo só olha pros vivos que estão chorando!

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grande ciranda

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Figurinha Carimbada trata a perda com dignidade - e por incrível que pareça, a criança sabe (às vezes melhor que muitos adultos) o significado dessa palavra. É complexo verbalizar o sentimento de perda. É dever do adulto respeitar a emoção que uma perda acarreta. É dever nosso legitimar, nomear e acolher o sentimento da criança. É simples - não digo que seja fácil, ainda mais quando se está envolvido com a perda - mas insisto, é simples quando feito com honestidade.
Tristeza não se menospreza. Raiva não se ignora. Saudade não deve ser mascarada. Vivência de perda, qualquer que seja, não pode ser negligenciada. Em hipótese alguma.
Figurinha Carimbada é história verdadeira. Tem lágrima e sorriso. É história bela. Não é a beleza infame do papai-que-virou-a-estrelhinha-mais-brilhante-do-céu. Não é a beleza opaca da troca - o cachorro morreu, então compra-se outro. É história bela e generosa porque a vida é assim. É história solidária, de doação, história pessoal e universal. Choros e gargalhadas são trançados num vai-e-vem, cruzando com outras vidas como a de Felipe, Bruna Salomão, João, Ícaro, Melissa - feito uma grande ciranda. É história que gira, rodopia, gira, roda, roda – levando a vida sempre para frente, com amor, para frente, para frente.
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02 maio 2008

dias festivos

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Existem aniversários feitos em casa com brigadeiros enrolados em mutirão, assim como festas em buffet que apenas são trocados os nomes dos aniversariantes. Tem quintal que toca 'créu' no último volume e tem salão com tratamento acústico que toca Partimpim. O que é melhor? Cada ano a gente escolhe o que é mais plausível para a criança, para os pais, para o bolso, para um momento familiar difícil, para a correria da vida moderna, para o resgate das relações afetivas. Cada qual conforme a consciência e os recursos. Opinião, todos temos (ainda bem) - e espaço para essas diversidades também. As festas são minutos de confraternização compartilhados. As verdadeiras comemorações estão embutidas nas rotinas diárias. O abraço dado e recebido do filho ao buscá-lo na escola é um momento mais que festivo. E ninguém nunca tirou foto disso.
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nina, em comentário postado no blog da Rosely Sayão
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