05 maio 2008

grande ciranda

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Figurinha Carimbada trata a perda com dignidade - e por incrível que pareça, a criança sabe (às vezes melhor que muitos adultos) o significado dessa palavra. É complexo verbalizar o sentimento de perda. É dever do adulto respeitar a emoção que uma perda acarreta. É dever nosso legitimar, nomear e acolher o sentimento da criança. É simples - não digo que seja fácil, ainda mais quando se está envolvido com a perda - mas insisto, é simples quando feito com honestidade.
Tristeza não se menospreza. Raiva não se ignora. Saudade não deve ser mascarada. Vivência de perda, qualquer que seja, não pode ser negligenciada. Em hipótese alguma.
Figurinha Carimbada é história verdadeira. Tem lágrima e sorriso. É história bela. Não é a beleza infame do papai-que-virou-a-estrelhinha-mais-brilhante-do-céu. Não é a beleza opaca da troca - o cachorro morreu, então compra-se outro. É história bela e generosa porque a vida é assim. É história solidária, de doação, história pessoal e universal. Choros e gargalhadas são trançados num vai-e-vem, cruzando com outras vidas como a de Felipe, Bruna Salomão, João, Ícaro, Melissa - feito uma grande ciranda. É história que gira, rodopia, gira, roda, roda – levando a vida sempre para frente, com amor, para frente, para frente.
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