24 abril 2008

clipping

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Estou aprendendo (a muito custo) que levar tudo a ferro e a fogo é dar murro em ponta de faca.... é muito chavão, mas é isso.... De repente da noite para o dia, esse nosso rigor-orgulho vira um monstro desdentado, com bafo de sardinha marinada e com pentelhos na orelha. Ele pula babando na tua frente e crau! Ou você sai correndo, ou você se apaixona, ou você acaba se acostumando com ele. Seja qual for a sua escolha, não te sufocando, está valendo.
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Que coisa besta. A tattoo Keep the Promise fica no meu ombro esquerdo. Dislexia.
Eu deveria ter tatuado o texto do contrário, tipo a-i-c-n-â-l-u-b-m-a. No espelho fica a-m-b-u-l-â-n-c-i-a.
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Ou somos dois, ou somos metade. Por que é tão difícil sermos uma?
Há pouco chorei pacas porque eu quis descobrir quem seria essa "uma".
Hoje sou a viúva-mãe-Nina. Sem este rótulo, quem sou eu?
Sou a filha-desta-mãe-e-deste-pai-Nina. Tirando isso, quem sou eu?
Sou a irmã-Nina, a profissional-Nina, a amiga-Nina, a vizinha-Nina, a cunhada-Nina, a cliente-Nina, etc
E tirando cada camada-rótulo desse corpo, o que me sobra? Chorei porque não sabia a resposta, além da palavra nada.
Repeti esse pensamento e quando cheguei na palavra nada, continuei: 'é um nada não no sentido de vazio, mas sim de pureza, aquilo que não foi deformado, aquilo que a culpa ainda não alcançou'. E voltei a chorar sem saber o porquê. Quem sou eu por trás de todas as cortinas que me encobrem? Como eu sou e estou?
Quem consegue uma resposta, toca em algo divino. Estou tentando - sei que é para poucos.
Outros sempre nos apresentarão uma reposta. Meu professor de literatura me disse: "Você é a Nina-mãe-leitora-escritora-viúva-arquiteta-whatever. É doloroso descobrir que eu sou uma criação sua e você é uma criação minha, ou seja, somos criações de nós mesmo, logo só há um e não é “você” e não sou “eu”. Eu não sou nada, apenas escrevo contos, respondo email, faço cocô mole, e vivo".
Desde então, venho pedindo aos meus guias para me darem uma dica da minha real função na engrenagem desta vida - e que não seja em vão. No mais, tudo é fé, intuição e bom senso. Coisas de mulherzinha.

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