08 outubro 2008

aflições

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Entraram na casa vermelha. Abordaram a empregada que estava lavando a garagem em plena luz do sol. A filha do arquiteto famoso fez a mala e foi embora. Justo ela que era tão encanada por não ter vizinhos.
Aqui é a rua das famílias de dois ou mais: um é cachorro e o restante é gente. Era a única casa sem cão.
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O pai continua de olhos arregalados com essa bagunça mundial de crise financeira. Esses dias ele foi ao banco para conversar com gerentes-investidores. Voltou reclamando dos funcionários que saem chorando (literalmente) por causa da impaciência de alguns clientes que se recusam a entender que por trás das mesinhas de atendimento, o máximo que podem fazer para acalmá-los, é oferecer um cafezinho adoçado.
É por isso que não tenho conta no mesmo banco que o pai. Ser apontada como sendo a filha-do-pai deve ser desagradável.
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Faz mais de uma semana que ele tem cólicas. Não é por causa da crise financeira. É porque ele decidiu que vai ter um blog. Para o alto e avante, amigo.
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imagem: Fous ça se voit, portfolio 16, Costa Lithograph
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