21 outubro 2008

imprensa marrom

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(...) No dia seguinte, peguei a mesma revista, olhei todas as fotos de novo e fiquei pensando como a minha vida seria resumida por um repórter em uma matéria de revista semanal. Foi então que percebi a idiotice daquela reportagem. Que ousadia compactar a vida das tantas vítimas em meras linhas. Que desrespeito retratar as dores e alegrias de uma pessoa em uma única foto. E ainda na semana seguinte, ver num rodapé insignificante, uma série de erratas de nomes trocados. Achei um descuido tremendo. Tanto fazia se o nome daquela senhora fosse Adelaide ou Elcita. O importante era dizer que aquele rosto morreu junto com os netos. O foco não estava nas pessoas, mas sim na história que elas poderiam gerar, que o repórter poderia narrar e concluir por si só que fulano era feliz ou não. Não temos esse direito de supor ou concluir sobre algo da vida de ninguém. (...)
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* nina em troca de e-mails
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imagem: Untitled 11, de Ralf Bohnenkamp
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2 comentários:

Laura disse...

ô, Nina... obrigada pelo que disse... olhos cheios d'água...
vc tem toda razão no que disse... mas parece que às vezes a gente esquece disso... e quer a presença física... e as datas são cruéis...

Obrigada de novo, querida..
beijos

nina disse...

Laura,
as datas são horríveis - sei bem o que é isso.
fique bem amiga,
nina