06 janeiro 2009

vera, geraldo e mamãe

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Podem falar o que quiser do Guarujá, mas eu adoro aquele lugar. Do apê dá para ver o mar. Digo, se a gente fechar os olhos, dá para imaginar o mar, porque o barulho das ondas encosta bem pertinho dos terraços.
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Guarujá me lembra RPM no clube Orla, miojo empapado, aniversário no Rufino’s, balada no calçadão, mímica de filmes, apart-hotel em Astúrias, pneu furado em Pernambuco, piriri em Sorocotuba, cobertura privê na Enseada, Iporanga de mochila e alpargata, caldeirada no Joca’s, tatuagem número dois, festa de arromba na Península.
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Mudou muita coisa naquela cidade. Hoje tem até Sofitel (que eu conheço como a palma da mão.... blargh...). Minha fase de muvuca se foi e quando eu desço para o Guarú, levo mãe e filho. Invariavelmente. Três gerações cabem naquela cidade. Tem espaço para nós. Em especial naquele trecho de praia da barraca da Vera.
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A Vera cuida da gente. Mima o Felipe, sempre tem pirulito. Ele adora o picolé fininho de chocolate e a lula com cebola. No primeiro verão depois da morte do João, a Vera me deu uma árvore de turmalinas – para me trazer bons ventos. Naquela vez, ela enxugou meu rosto. Ela prepara o churrasco no pão francês do jeito que a minha mãe gosta. Quando mamãe se perde na multidão de guarda sóis vermelho-itaipavas, a Vera aparece e a traz de volta segurando carinhosamente pelo braço.
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- Dona K., a senhora esqueceu o que eu falei ontem? Quando a senhora se perder, é só procurar a barraca da Vera!
- É que fui andar um pouco... lá na San Pauro, eu ando todos os dias com meu marido e com cachorros...
- Lembra que eu falei que ficava perto do carrinho de milho do Geraldo? Se for andar na beirinha do mar, fica mais fácil achar o Geraldo. Se for pelo calçadão, procura a minha barraca. Olha, o Geraldo é aquele ali ó, tá bem?

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A Vera é muito atenciosa. Naquele dia, minha mãe foi andar pela beira do mar – e foi a Vera que a trouxe de volta.
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- Puxa mãe! Andou quase até o (hotel) Casa Grande? Não achou o carrinho do Geraldo?
- Sabe Nina, esse Geraldo é muito rico! Todos os carrinhos são dele! Daqui até o Casa Grande!
- Como assim mãe?
- Olha lá Nina! Lê o nome lá
– e ela apontou em direção a um carrinho de milho.
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Estava escrito: Milho Verde e Coco Gelado
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É por isso que eu gosto do Guarujá. Na saída da praia a gente se despede do Geraldo, da Vera e do dia que desliza para trás da serra.
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4 comentários:

erica disse...

HUAHUAHUAHUAHUAHUAHUA!!!!!!!!!

Marcos disse...

Oi Ni,
Que bom ver novamente seus textos aqui no seu blog! Que você tenha a happy and a lively January, February, March...
Beijos

Laura disse...

Oi, NIna... bom ano pra vcs todos... bjos

Andréia disse...

Caí aqui via Drops da Fal... fui lendo, fui lendo até chegar neste post. Moro em Guarujá. Suas referências me fizeram lembrar de bastante coisa do passado. Beijos.