16 dezembro 2010

2011

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Li e reli a mensagem umas 5 vezes, sem parar.
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Li com a televisão ligada, Felipe jogando videogame, a tia reclamando do calor do Guarujá, a mãe fazendo palavras cruzadas, o turista do Japão mexendo nos brinquedinhos tecnológicos, um helicóptero resgatando alguém no mar.
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Dá para ver daqui do sofá a agonia do cara se afogando, precisando respirar, aquela multidão tirando o ar dele, roubando aquilo que é o mais caro para a vida dos outros; uma nova década começando, e repetindo, e repetindo, aquilo que nunca acaba; e a primeira coisa que eu vejo depois dos fogos é uma barata fugindo dos pés de outros.
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O bicho tentando sobreviver. Fogos nos céus. Lancei rosas para Iemanjá e nem sei quem ela é. Pedi coisas e mais coisas para essa mulher. Pedi para meus amigos, minha família, meu filho. Pedi para mim. Agradeci o básico, nada mais do que isso porque sou egoísta, tenho inveja da felicidade alheia e extrema. Ainda acredito na honestidade humana.
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Não subestimo ninguém. É muito simples achar que não dão conta. A gente não aguenta perceber para que a gente vem para esse mundo. A gente não aguenta.
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Bom 2010 para vocês. "Bom" porque se for ótimo, a gente não aguenta.
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Nina.

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Isso foi uma troca de emails entre amigos no reveillon de 2010.
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Espero sinceramente que 2011 seja diferente.
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imagem: Rosso Astratto, F. Cusumano.
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