30 junho 2010

evolução

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- mãe, quando você era criança não existia celular?
- só tinha telefone normal
- não tinha videogame?
- o videogame só apareceu quando eu tinha uns 10 anos
- e nem existia cinema 3D, né?
- é... não tinha essas coisas não
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(silêncio)
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- mãe, que pena que na sua época não tinha muita coisa...
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29 junho 2010

além da copa do mundo

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Copa do Mundo 2010. Jogo das oitavas de final Brasil x Chile.
Hino do Brasil tocando. E minha mãe questionando:
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- Nossa, não conheço nenhum jogador! Todo mundo novo, né? Cadê o Ronaldo Dinamite?
- Quem, mãe? Dinamite? Aquele da turma do Vasco?
- O que tem os dentes separados... É o Roberto Fenômeno.
- Ronaldo Fenômeno, não é?
- Esse mesmo! O Roberto! Cadê ele?
- Não foi convocado.
- Que pena... eu gosto dele! Eu não gosto é do Maratona.
- O da Argentina? É Maradona, mãe.
- E porque será que o Harry Potter não faz a cirurgia de miopia, né?
- ???
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imagem: Cricket World Cup, 2011
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as coisas que deixaram de ser

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- Como foi a escola hoje Fê?
- Foi como sempre. Na hora do recreio eu joguei futebol com meus amigos. Foi maneiro.
- Porque foi maneiro?
- Eu tava com a bola e chutei muito forte pro gol. O Kim era o goleiro.
- E você fez um gol?
- Tava na cara do gol, mãe. Muito na cara. Só que aí o Dani passou na frente e bateu na bola. E aí, desaconteceu o gol, mãe! Você não ia acreditar! Desaconteceu o gol.
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27 junho 2010

interview

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Fomos tirar o visto americano no consulado - Felipe, minha mãe e eu. Como cidadã japonesa, minha mãe tem livre acesso na terra do Tio Sam. Sabendo da novela que foi tirar o passaporte do Felipe (eu tive que jurar de pé junto diante da bandeira, que eu não pretendia vender, dar ou largar um menor no país estrangeiro) e para dar um chute de vez na onda zicada que eu estava passando, fiz a cidadã privilegiada ir ao consulado tomar chá de cadeira também.
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No meio daquela multidão esperando a vez de ser mal tratada por um funcionário pseudo-gringo, minha mãe até que me foi bastante útil. Sei lá porque, ela recebeu uma senha especial, passamos na frente de uma pá de gente - o que significou ficar no consulado pouco mais de 2 horas. Pode ser considerado um record de rapidez.
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A hora da entrevista é crucial. A emissão do visto é autorizada pela pessoa que te atende por trás do vidro blindado. Você tenta ser o mais simpático possível, mas tudo é meio tenso, incerto, subjetivo, exagerado demais. Da parte deles, porque eles têm o poder - e da nossa parte, por nos sujeitarmos a passar por esse tipo de tratamento. Enfim, minha mãe estava instruída em como se portar diante da entrevista: ser cordial e responder só o que eles perguntassem.
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(entrevistador) - Hoje a senhora está aposentada, certo? Antes a senhora trabalhava em quê?
(mamãe) - Eu era professora de japonês. Trabalhei na ACBJ de Pinheiros desde quando Nina tinha 4 anos.... ou era Érica? Parei de trabalhar em 2008. É tão bom, né? Não preciso mais trabalhar de sábado, aí vamos para o Guarujá na sexta de noite. Aproveita mais, né? Eu ainda dou aula para Junji-kun, mas é em casa, de quarta feira.... e Morita-san também liga para casa e eu dou aula pelo telefone. Ficamos conversando sobre netinhos. O netinho de Morita-san é escoteiro do Copercotia, onde teve udon-kai...
(entrevistador) - Já entendi senhora. Bom, a casa que a senhora mora é própria ou alugada?
(mamãe) - Se eu tenho casa alugada? Tenho sim.... Aquela que fica na rua de baixo, alugamos para Ube-san. Mora Yen, Kathrin e Lelis durante a semana e fim-de-semana voltam para interior onde fica Samoko.
(entrevistador) - Mas a casa onde a senhora mora é própria, certo?
(mamãe) - É própria sim, mas não é minha. É do meu marido. A casa onde Nina mora é a minha casa própria. Mas eu não moro lá, porque a casa é da Nina.
(entrevistador) - Mas na casa que a senhora mora, a senhora paga aluguel?
(mamãe) - Eu não pago aluguel. Ube-san sim - ele passa à noite de carro e deixa dinheiro que fica em cima do piano.
(entrevistador) - Sei.... e a senhora já foi alguma vez para os Estados Unidos?
(mamãe) - Fui sim, quando ganhei bolsa de estudo da Japan Foundation para fazer curso no Japão.
(entrevistador) - Quantas vezes a senhora já foi para os Estados Unidos?
(mamãe) - Acho que essa vai ser a primeira vez, não é Nina??
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pérola

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eu juro por Deus: sem maldade, o nome dela era Willyane Gabrielly
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cicerone

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Estamos no Guarujá e percebi que cheguei na idade que não curte sol na cabeça nem praia cheia.
Sugeri levar o visitante made in Japan para o aquário - de Santos ou daqui mesmo. Expliquei que ele poderia ver algumas espécies amazônicas.
Ele respondeu educadamente que a maioria dos aquários no Japão tem peixes do mundo inteiro, principalmente os amazônicos. São o filé mignon dos aquários nipônicos.
Ok, já entendi a mensagem. Tem de tudo na sua terrinha.... Será possível que não haja algo diferente para te apresentar? Passar por uma experiência marcante no mundo tupiniquim? Algo que quando você visse na TV, pensasse "nossa, eu vivi isso naquela viagem!"
Decidido, vamos comprar cerveja no Carrefour lotado, sem ar condicionado, em pleno 31 de dezembro. Não custa nada tentar. Pode ser inesquecível.
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26 junho 2010

25 junho 2010

intervalo

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Depois de um poço de tempo e anotações de tamanhos variados, volto aqui para escrever. Dizer aos sete ventos que - honestamente - eu gosto do Michael Jackson. Porque agora ele está morto. Depois que essas pessoas importantes morrem, são produzidos mega documentários mostrando o quão genial era aquele ser. Assisti This is It e cheguei à conclusão que eu curto MJ. Só fui perceber agora.
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