20 agosto 2009

repetição

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Essas imagens são de Viagem a Tóquio, um filme de Ozu, o cineasta cujos enquadramentos severos me influenciaram na época em que filmei Santiago.
Ao fim da história, a filha caçula pergunta: “A vida não é uma decepção?” Sua cunhada responde com um sorriso franco e generoso: “Sim, ela é”.
Acho que é uma resposta que Santiago compreenderia. Enquanto viveu, ele se ocupou com seus nobres e suas castanholas. Foi salvo por coisas tão gratuitas quanto a sua dança no parque de que gostava tanto. Com elas, quem sabe?, pôde suportar a melancolia de quem suspeita que as coisas não fazem mesmo muito sentido.

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Trecho final de Santiago (por escrito) de João Moreira Salles. Esse filme, o homem Santiago, o Salles, a piscina da casa da Gávea, as mãos, a cabeça caída, o latim e o sotaque carioca, a ordem dada, o tempo, Marselhesa, o abismo, Fred Astaire, C’est tout. C’est tout. Nada disso sai da minha mente.
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