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*Fui para terapia e contei tudo o que aconteceu em Montevideo. Ao fim da sessão, minha psicóloga concluiu: Nina, foi uma viagem libertadora, não foi?* Com os dedos entrelaçados sobre a barriga, concordei com a cabeça, emocionada e feliz.
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*Fomos em quatro viajantes. Cada um teve uma impressão diferente da cidade.*
Apesar da sujeira nas ruas, da vida pacata, do povo empobrecido, da arquitetura sem restauro, do menino tentando roubar o Marcos, para mim, o saldo das lembranças ainda é muito positivo.
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*Positivo porque fui na companhia de meus melhores amigos, provei (por duas vezes) a parrilla uruguaia, bebi a uvita, filei um gole de Patrícia, ouvi boa música, segui pela Avenida 18 de Julho sem ter hora para voltar, descansei as pernas em um banco na Rambla de Pocitos.
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* Trago de lá a imagem de braços maternando garrafas térmicas, o Rio del Plata cercando o asfalto, plátanos em linha preparando-se para a próxima estação, a reverência do povo perante à Celeste seleção, o duelo amigo do Baar Fun Fun versus La Ronda.
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Em quatro dias de viagem, Montevideo surgiu em pouco mais de 5 horas - não mais que isso pela primeira vez. No restante do relógio da livraria Puro Verso, a cidade reapareceu em cada saudação dito hola, nos finos detalhes das pesadas portas-balcão, no ar másculo e quente do Mercado del Puerto, no brilho laranja dos pomelos, no lugar comum dos chivitos, nas cúpulas e cúpulas e cúpulas vistas de baixo para cima. Passeo lindo, passeo lindo - era o som da porta do hotel se fechando às nossas costas. *
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Na falta de escutar o espanhol, Drexler tem me acompanhado no trânsito em SP.
* No somos más / que una gota de luz,
una estrella fugaz / una chispa, tan sólo,
en la edad del cielo.
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* Marcos, Tato, Juliana, gracias por estes dias.
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besos,
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nina
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